A Superintendência do CCUEC, no ano 2000, determinou que fosse feita uma avaliação dos softwares proprietários em uso no centro com vistas à sua possível substituição por equivalentes livres e abertos. A determinação da Superintendência foi seguida à risca pelos funcionários do datacenter que, por decisão própria, resolveram adotar soluções livres e abertas para a condução de praticamente todas as suas atividades diárias. As máquinas pessoais de trabalho dos operadores e schedulers, em um total de nove equipamentos, passaram a contar com o sistema operacional GNU/Linux, em substituição ao sistema operacional Windows, da Microsoft. Apenas alguns serviços não puderam ser substituídos por softwares livres, como o aplicativo QMF (Query Management Facility), da IBM, e o monitor de rede What's Up. Todos estes serviços foram concentrados em apenas um equipamento. Todos os demais foram migrados para aplicações livres.
Segundo Mauricy Maiorino, a principal motivação por trás da decisão dos operadores, além da orientação da Superintendência, foi a busca por autonomia. A área de Produção necessitava de ferramentas de apoio para auxiliar na execução das tarefas e as ferramentas de desenvolvimento para o ambiente Windows eram também proprietárias e seria necessário viabilizar recursos financeiros para implantação das melhorias planejadas, o que poderia levar muito tempo. A adoção de soluções livres facilitaram em muito o desenvolvimento de novas soluções, visto que os softwares a serem empregados, como o editor de imagens Gimp e a suíte de escritório StarOffice, dentre outros, eram todos de livre uso e distribuição.
A migração foi precedida de um período de estudo das alternativas disponíveis e identificação de aplicativos compatíveis com aqueles que estavam sendo usados na plataforma Windows. Este período foi de aproximadamente três meses e seu resultado final foi a configuração de um sistema GNU/Linux plenamente adaptado às necessidades do dia a dia dos operadores e schedulers e de um roteiro completo de migração, que foi realizada durante um final de semana, com início na sexta-feira e término no domingo. Apesar do fato de que todos os funcionários estavam bem adaptados aos sistemas Windows, a necessidade de autonomia aliada à orientação da Superintendência foi o suficiente para motivar a aceitação da migração.
Ainda segundo Mauricy, depois de 11 anos de uso, percebe-se que houve um grande ganho em estabilidade, um aumento na liberdade de escolha, devido aos milhares de aplicativos disponíveis livremente para a plataforma GNU/Linux, e um bom aproveitamento de sua versatilidade. Com o passar dos anos, e com a evolução natural da plataforma, os problemas iniciais de compatibilidade de hardware e software foram significativamente reduzidos. Ainda segundo Mauricy, a volta para ambientes proprietários é hoje impossível, pois a cultura do software livre já está firmemente enraizada nos procedimentos do dia a dia, nos hábitos e nos conhecimentos dos técnicos, além de haver hoje uma grande quantidade de soluções desenvolvidas ao longo dos anos. E finalmente, por ser o datacenter uma área em que a segurança é um fator da maior relevância, a adoção de uma plataforma menos sujeita a ataques de vírus e outras pragas eletrônicas, foi decisiva para tornar o ambiente mais protegido.
A programação e automatização das rotinas diárias ficou também mais simples, contribuindo para agilizar diversos processos, entre eles o sistema de submissão de rotinas em lote com o aplicativo IBM Maestro, shell scripts de monitoração do ambiente de produção, processamento das faturas das operadoras de telefonia com as quais a Unicamp tem contrato, sistema de impressão departamental e corporativa, sistema de cadastro de máquinas hospedadas no datacenter, registro de ocorrências da operação e controle de escala dos Operadores.
Hedilberto Galletti, diretor da área, afirma:
Depois de todo esse tempo trabalhando apenas com sistemas GNU/Linux, não consigo mais pensar segundo uma lógica dos sistemas proprietários. Um efeito benéfico inesperado, que foi constatado ao longo dos anos, é que a equipe como um todo, por trabalhar com software livre, ganhou muito em criatividade, conhecimento e autonomia. Comunidades de software livre são extremamente solidárias e realmente se empenham para que tudo dê certo. E finalmente, como a quantidade de soluções livres ofertadas chega às dezenas de milhares, para implantar um novo processo, basta apenas pesquisar, estudar, aprender e seguir em frente. Não precisamos buscar recursos ou autorizações. Os ganhos são enormes.